por Marcelo Gonzatto
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Bin Laden deve ter morrido, sob a mira laser das metralhadoras, sem desconfiar que seu nome já foi gritado com o ânimo reservado a grandes heróis em Porto Alegre. Era 2 de outubro de 2001, menos de um mês depois de a Al-Qaeda transformar as torres gêmeas em poeira. O guitarrista sueco radicado nos EUA Yngwie Malmsteen resolveu fazer uma homenagem às vítimas do 11 de Setembro em seu show no bar Opinião, mas inflamou um movimento rebelde entre os próprios fãs.
No meio do show, tocou um trecho do hino americano. O problema é que, diante dele, estava uma plateia de jovens adeptos do dito "Esta terra tem dono!" e pouco disposta a tolerar propaganda americana. Foi vaiado. Como a humildade não é bem uma característica do sueco, decidiu dobrar o público. Arriscou Star Spangled Banner de novo. Tomou outra vaia. Insistiu. Dê-lhe vaia. O constrangimento pairava no ar.
Ao apresentar os músicos da banda, apelou: "Se vaiarem o hino dos Estados Unidos, eu paro de tocar". Pobre Malmsteen, ainda não conhecia seus fãs gaúchos. Perdem o ídolo, mas não a briga. Boa parte do público ou a gritar "Bin Laden! Bin Laden!". Malmsteen lascou um "danem-se" e bateu em retirada. O tecladista Derek Sherinian chamou os porto-alegrenses de "caipiras" em um texto na internet. Neste sábado, finalmente, o artista e os fãs da Capital terão a chance de fazer as pazes.