O que diz o Itaú Unibanco
O banco afirma que não comenta processos que ainda não transitaram em julgado, mas vai recorrer da decisão da Justiça.
O esquema que ruiu
Pirâmides financeiras como as de Madoff não são novidade. Chamadas de esquema Ponzi, em alusão ao italiano Carlo Ponzi, que ganhou fortunas prometendo dinheiro rápido a pequenos empresários entre 1918 e 1920, já causaram prejuízos ao redor do mundo.
Nos EUA, a empresa de Madoff prometia rendimentos de 10% a 12% ao ano.
Em vez de investir as aplicações, Madoff usava o dinheiro dos novos investidores para pagar os rendimentos dos mais antigos. Enquanto houvesse gente entrando, o esquema funcionava. Nem mesmo a crise havia lhe atingido: seus investimentos cresceram 5,6% até novembro de 2008, enquanto o valor das empresas nas quais supostamente investia tinha encolhido 37,7%.
Com a intensificação da crise financeira, o número de saques aumentou e Madoff ficou sem dinheiro para cobri-los. A fraude causou prejuízo de US$ 63 bilhões.
De Porto Alegre a Manhattan
Como o investidor gaúcho se tornou vítima de um golpe a 8,2 mil quilômetros de distância
Em 2008, o aplicador abre uma conta no banco Itaú em Miami, por meio de uma agência aqui no Brasil.
Com orientações de especialistas do banco, fez aplicações nos fundos de Madoff, sob a garantia de que seriam os melhores do mercado, com rígido controle de riscos e com maior rentabilidade.
A notícia de que o fundo se tratava de uma pirâmide chega aos jornais.
O investidor gaúcho, que perdeu cerca de R$ 500 mil com a fraude, procura a Justiça alegando que o banco deveria ressarcir o prejuízo.
No final de maio deste ano, a Justiça condena - em primeira instância - o banco Itaú a devolver ao investidor todo o valor aplicado em fundos geridos por Madoff e pagar indenização de R$ 30 mil por danos morais.
O glamour de Bernie
Tal como o rei Midas, na mitologia grega, tudo que Bernard Madoff tocava se transformava em riqueza. Enquanto empresas sofriam com o colapso do sistema imobiliário, o naufrágio da indústria automobilística e o mergulho na recessão nos EUA, seu fundo crescia de forma constante e sólida.
Aplicar no fundo de Bernie, como era chamado pelos amigos, era um sinal de prestígio. A credibilidade do corretor, que já havia sido presidente da Nasdaq, a bolsa das empresas de tecnologia, foi o suficiente para atrair milhares de clientes em busca de ganhos altos em tempos de crise.
Na delegacia de polícia, para onde foi levado logo após a descoberta do golpe, Madoff itiu ter montado um gigantesco esquema tipo pirâmide.
O que torna o golpe único é o calibre dos investidores enganados. Bancos globais enterraram mais de US$ 30 bilhões num esquema que deveria ter despertado suspeitas.
Como se precaver
Investigue antes de investir
A informação é a primeira linha de defesa contra golpes financeiros. A formação do investidor é uma atividade permanente. Procure conhecer o mercado antes de investir, não apenas quando decide investir.
Desconfie de promessas de retornos altos com baixo risco
Rentabilidade e risco costumam andar de mãos dadas. Se é bom demais para ser verdade, provavelmente não o é.
Baseie sua decisão em questões objetivas
Golpistas são normalmente pessoas simpáticas e que estão habituadas a mentir, por isso, tenha um espírito crítico.
Não tenha receio de fazer perguntas
Golpistas costumam questionar sua inteligência para compreender a proposta de investimento, na esperança de que você se cale.
Tenha certeza de que entendeu os riscos
As características do investimento devem estar claras antes de aplicar.
Decida com calma
Desconfie de oportunidades apresentadas como imperdíveis que exigem, por qualquer motivo, uma decisão imediata. Se você não consegue explicar as principais características do investimento escolhido, é porque não o entendeu.