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Ida para o hospital

Ela conduziu Lúcio e o atirou na água. A temperatura do corpo resfriou e aliviou um pouco da dor, que até então acometiam as pernas e os braços do ex-zagueiro. Enquanto isso, Marília ligava para o SAMU e atendia os outros amigos que estavam feridos. Com um cobertor, apagou as chamas.

Lúcio saiu da piscina e Marília ligou para seu irmão, o médico anestesista Leonardo, em Porto Alegre, para pedir orientação. Não precisava esperar a ambulância. Se ele tinha condições, que entrasse no carro e fosse para o hospital.

Jefferson Botega / Agencia RBS
Casal recebeu a reportagem de Zero Hora nesta sexta-feira (13).

Sem conhecer Brasília direito, Marília chegou ao atendimento ouvindo as orientações de Lúcio. Quando desceram do carro e o ex-jogador entrou na sala de atendimento, perguntou a ela:

— Amor, eu vou morrer?

— Ninguém vai morrer — ela respondeu, com menos convicção do que gostaria de ter.

Arquivo pessoal / Reprodução
Marília e Lúcio no hospital durante a recuperação.

Atendimento

O atendimento em Brasília foi importante, mas insuficiente. Ao primeiro sinal de possibilidade, os dois vieram para Porto Alegre. O tratamento no Hospital Nora Teixeira foi o que mudou a recuperação. Por sorte (ou Deus, por intermédio de Marília, como crê Lúcio), a exposição ao fogo foi pequena, ele não inalou fumaça, o que salvou seus órgãos.

Ainda assim, foram 15 dias de muita dor, 20 de internação até a alta, cuja caminhada para fora do hospital foi em um corredor de aplausos dos profissionais da saúde do sexto andar, como são conhecidos, sob as orientações do médico Leonardo Schein. Agora, o tratamento segue, com visitas a dermatologistas, fisioterapia, câmara hiperbárica e trocas de curativos.

Parceria infalível

Os dois cumprem tudo. Em dupla mesmo. O momento mais tenso na vida de Lúcio foi acompanhado de perto por Marília. Nos dois anos do relacionamento entre os dois, iniciado com uma conversa em um aniversário de um primo dela em Brasília seguido por frequentes trocas de mensagens por WhatsApp até ter o encrontro definitivo, o susto foi mais uma prova de amor e lealdade:

— Estou convencido de que ela é um anjo da guarda. Um instrumento de Deus para me salvar. Tive uma segunda chance, e a Marília está aqui para viver comigo — diz ele.

Esther Fischborn / Agência RBS
Lúcio, a esposa e a equipe médica que o tratou.

iração recíproca

Ela não esconde a iração pelo marido.

— Vi a força dele nesses dias. Se fosse eu a ter esse diagnóstico, essas dores, acho que só ia querer ficar deitada, recebendo remédio e dormindo. Ele dizia para o médico que tinha uma dor nota 6, na escala de 1 a 10, mas ainda assim saía para caminhar no corredor porque sabia o quanto era importante — conta Marília, sentada à mesa entre as caixas de uma mudança para Porto Alegre inesperada e apressada, mas necessária.

Gol na final

Jefferson Botega / Agencia RBS
Lúcio se recupera em casa.

Nesse cenário aí, o casal teve mais uma emoção inesperada. No final do Programa Timeline, da Rádio Gaúcha, eles ouviram a reprodução do gol de Lúcio contra os Estados Unidos na final da Copa das Confederações de 2009 (veja vídeo no topo da matéria). Depois de sair perdendo por 2 a 0, a Seleção virou o jogo graças a um gol do zagueiro a seis minutos do fim da partida.

O narrador Marco Antônio Pereira, morto no ano ado, descreve o zagueiro como "o símbolo da raça e da força, a fortaleza brasileira". A expressão fez o zagueiro, sempre tão durão em campo, colocar os dedos nos olhos para impedir as lágrimas.

Os dias mais recentes reforçam: o símbolo da raça e da força, a fortaleza brasileira.

Jefferson Botega / Agencia RBS
Emoção ao ouvir o seu gol narrado pela Rádio Gaúcha.


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