Primeiro a gente tem que entender o que o pós-covid acelerou. Por que a liderança feminina hoje é tão importante? Porque a gestão era muito mecânica, a vida toda foi muito mecânica, a gestão de empresas, principalmente. Você não podia levar um problema seu pra empresa, porque você é profissional, e, de repente, já vinha mudando, e eu, pelo menos, já tento mudar isso desde 1990. A covid trouxe uma mudança muito grande. As pessoas hoje querem trabalhar em uma empresa que tem propósito. De repente, o mercado financeiro veio com o ESG (conceito ligado a boas práticas ambientais, sociais e de governança), que mudou totalmente o que o mercado financeiro exigia das empresas que estão na bolsa. O que importava era resultado a curto prazo e pronto. Hoje não, eles questionam se você tem negros, se você tem mulheres, coisa que eu, pra te falar a verdade, nunca pensei que fosse ver.
As pessoas hoje querem trabalhar em uma empresa que tem propósito.
LUIZA HELENA TRAJANO
Presidente do conselho de istração da Magazine Luiza
Qual o diferencial da mulher nesse contexto?
Com essa mudança, pra uma empresa orgânica, a mulher tá muito preparada pra isso. Ela foi sempre mais orgânica do que o homem. E a minha voz é pra se unir ao homem. Agora, as professoras precisam também levar essa gestão orgânica pra dentro da escola. A professora é feminina, a maioria, e o mundo vai ser feminino, mas não só feminino, é o feminino que existe dentro de cada um, dos homens também, que é uma coisa mais orgânica, que é uma coisa mais de você pegar o que o público precisa pra fazer. E o digital trouxe isso. O digital é uma cultura, ele não é um software, ele não é um hardware, ele é uma cultura. Como a gente faz no Magazine, como a gente faz no grupo Mulheres do Brasil. A gente tem diretrizes, mas cada regional aplica de acordo com o que elas têm de necessidade. É uma gestão orgânica, e aí as professoras podem e devem levar isso. Tanto os homens precisam entender que isso vai acontecer no pós-covid, e que a mudança é grande, como as meninas precisam ter mais segurança no que elas são, pra poder não ficar com medo de enfrentar o mercado de trabalho por ser mulher.
Qual o perfil que o mercado de trabalho procura e no que a escola pode contribuir pra formar esse aluno?
São pessoas que fazem acontecer. Como eu acho que minha amiga Raquel (Teixeira, secretária de Educação do RS) está fazendo aqui na Educação com a equipe, é fazer acontecer, é experimentar, se errar redireciona o erro, se acerta, multiplica o acerto. A escola precisa ser mais ativa, cada vez mais fazer acontecer, experimentar, o aluno tomar conta da cantina, o aluno poder participar de decisões de conselho. É estar muito na ponta. É partir da ponta pra dentro, e não de dentro pra fora.