A graduação não determina aonde se vai chegar. É, mais do que nunca, um o em uma trajetória que vai exigir aperfeiçoamento contínuo e olhar transdisciplinar. O estudante e futuro profissional deve estar pronto para identificar onde suas habilidades, conhecimentos e competências são requisitados e valorizados.
O profissional do século 21 terá diversas carreiras ao longo da vida. Mas a imprevisibilidade do futuro profissional não deve ser vista como um empecilho: encare-a como um estímulo: tire o máximo da graduação, explore as possibilidades de atuação e esteja aberto para a mudança.
– Tem alunos que frequentam a universidade e alunos que efetivamente fazem o curso. A graduação é o espaço de experimentar. Faça disciplinas em outras unidades, experimente-se. Quando tu chegares na entrevista de emprego e vier a pergunta “Mas você fez só Engenharia?”, vais poder responder “Também aprendi sobre arquitetura, publicidade, design”. Steve Jobs fez isso e o resultado foi a Apple – lembra a consultora de gestão de pessoas Loraine Bothomé Müller, professora da Escola de Negócios da PUCRS.
Quer dizer, aprender será uma constante, e a capacidade de investir na construção da própria trajetória será igualmente relevante. Esteja preparado para descobrir o caminho ao caminhar.
– Vivemos uma era de interdisciplinaridade. Profissionais acabam atuando em áreas não necessariamente identificadas classicamente com sua formação. As carreiras estão mais fluidas e exigem algumas competências importantes e conhecimentos comuns a todas as áreas – avalia o consultor Samuel Artus.
Não há como esgotar as profissões do futuro, mas indicar caminhos possíveis para você pensar sua carreira, qualquer que seja sua escolha de graduação. A lista a seguir foi elaborada a partir das perspectivas de Luciana Adegas, da Metta Capital Humano, consultora de Gestão de Pessoas Loraine Bothomé Müller, Wilma Dal Col, diretora de RH no ManpowerGroup Brasil, Samuel Artus, consultor associado da Mapper
O dinamismo contemporâneo impõe às organizações a necessidade de atualização constante das formas de produzir e interagir com o mercado. Inovação é palavra de ordem, e é preciso quem gerencie o processo.
– As empresas não têm a mesma velocidade de transformação que a tecnologia impõe – afirma o consultor Samuel Artus.
Buscam-se profissionais que consigam trazer capacidade de compreensão do contexto e de como podem atualizar as práticas empresariais.
Formações: istração e cursos ligados à área de atuação da empresa cujos processos de inovação se vai gerenciar.
É um profissional que transita entre o mundo dos negócios e a TI, capaz de analisar a quantidade crescente de dados disponíveis na era digital (o “big data”) e extrair informações e tendências que embasem decisões diversas, da produção ao marketing.
Formações: pode-se começar com TI, Matemática, Ciência da Computação, Engenharia ou Estatística, seguidas de formação específica.
– O Brasil é uma referência do agronegócio e deve tornar-se o principal produtor mundial consolidado. Segurança alimentar, biotecnologia (incluindo o desenvolvimento de sementes) e tecnologia de maquinário estão em alta e a tendência é de mais crescimento – avalia Samuel Artus.
Formações: Biologia, Biomedicina. Para máquinas, Engenharia de Controle e Automação e Engenharia Mecânica.
A consultora Luciana Adegas ressalta a tendência de crescimento para profissões ligadas à saúde e ao envelhecimento: são tempos de culto ao corpo e à juventude, e de aumento da expectativa de vida, o que leva ao aumento da população de idosos e ao aquecimento do mercado da geriatria (especialidade médica que cuida da saúde de idosos) e da gerontologia (conjunto de áreas que estudam aspectos biológicos, psicológicos e sociais do envelhecimento).
Formações: Medicina, Enfermagem, Fisioterapia, Nutrição, Terapia Ocupacional, Psicologia, Educação Física e Serviço Social.
Em tempos de crise, é alta a busca por soluções eficientes para a cadeia logística (supply chain). No Brasil, a tendência é que esses profissionais sigam valorizados no futuro.
– Temos infraestrutura logística deficitária, é um gargalo que terá de ser enfrentado ao longo do tempo, com investimento. A gestão da supply chain é, cada vez mais, um ponto nevrálgico para o sucesso das organizações – afirma Samuel Artus, da Mapper.
Formações: existem graduações específicas em Logística, mas geralmente são profissionais que vêm da Engenharia ou da istração.
Para Samuel Artus, as áreas de finanças corporativas e consultoria para o mercado de capitais devem continuar em alta em tempos de economia cambaleante e mercado financeiro volátil. Luciana Adegas ressalta a importância dos profissionais de finanças em um mundo mais empreendedor.
– Lá pelas tantas, tem uma startup ou um negócio quase caseiro que dá um salto. Essa parte de finanças, análise de cenário econômico e do momento atual da empresa, é muito importante – diz a consultora.
Formações: istração, Ciências Contábeis, Ciências Econômicas.
Segundo a consultora Loraine Bothomé Müller, precisa-se de profissionais que enfrentem problemas globais como mobilidade, lixo e energias renováveis.
– Sem sustentabilidade, não tem mundo – pondera Loraine.
O olhar mais crítico dos consumidores oferece a especialistas em sustentabilidade um futuro promissor.
– Cada vez mais as empresas e pessoas se preocupam com processos – afirma Samuel Artus.
Formações: Engenharia Ambiental, Engenharia Química e, para práticas ligadas a RH e relacionamento com mercado, Psicologia e istração.
Empresas em transição de cultura e clima organizacional precisam encontrar pessoas capacitadas para atuar nas diferentes posições que vão sendo criadas.
– Ao se reinventar, a empresa necessita de alguém na parte de gestão de pessoas para conduzir esses processos – explica Luciana Adegas
Formações: Tecnologia e Gestão de RH, istração, Psicologia.
O mundo dos negócios foi completamente alterado pela revolução digital.
– Estratégias de marketing digital ganham relevância nesse cenário, a forma como você interage e constrói relacionamentos comerciais. O perfil é cada vez mais voltado para o uso de tecnologia no processo – explica Luciana Adegas.
Formações: Comunicação Social, Publicidade, Marketing, Design Visual e Webdesign.
A programação seguirá em alta como ferramenta – e carreira – responsável por desenhar e desenvolver os sistemas com os quais interagimos em nossas vidas digitais, dos apps de celular ao e-commerce. Serviços, produtos e profissões dependem dos programadores.
– Para que um advogado possa consultar processos ou pesquisar jurisprudência, a TI desenvolve um software. O consultório de um médico tem que ter software de gestão, com agenda, controle dos pacientes – exemplifica a consultora Luciana Adegas.
Formações: TI, Ciência da Computação, Engenharia da Computação.
Segundo o Fórum Econômico Social, o mercado de trabalho vai demandar profissionais com estas competências.