Projeto do Bourbon Carlos Gomes fica em um complexo com torres comerciais, somando 86 mil metros quadrados. Grupo Zaffari / Divulgação
— Em tamanho, o Bourbon Carlos Gomes será como o Moinhos Shopping (que também pertence ao Zaffari). Não será um "grandão". É para a pessoa que mora ou trabalha na região ir a pé para almoçar ou jantar. A gastronomia será muito forte — completa o executivo.
A previsão é inaugurar o novo shopping no começo do segundo semestre. O empreendimento terá espaço para 70 lojas. Entre os restaurantes confirmados, estão o Narbona, do Uruguai, o Bah, do Grupo Press, e a cervejaria Salvador, que já tem unidade no Pontal Shopping. Ainda há negociações com marcas de São Paulo e do Paraná.
A rede Cinépolis, do México, terá um cinema "vip", onde haverá garçons servindo os clientes antes de o filme começar.
Uma das estratégias do Zaffari é a venda de produtos com marcas próprias em seus supermercados — e, agora, também nos atacarejos. Esta oferta se dá por meio de parcerias com empresas que fornecem seus produtos com o rótulo de marcas criadas pelo supermercado. A Mercatto, por exemplo, é destinada a alfajores, creme de avelã e café. A Splendo é de amaciantes e detergentes de roupa e louça. E a Tutti Giorni está estampada nas embalagens de batata palha e de queijo ralado.
— Há fornecedores com produtos muito bons, mas que não têm escala para chegar ao mercado. Não conseguem ter uma estrutura para isso. Vamos a feiras, vemos produtos que venderiam muito bem, mas a empresa não tem estrutura. Então, selecionamos esses produtos, pedimos o rótulo com a nossa marca e exclusividade. Damos o e físico, estrutural e comercial para que o produto deles chegue à nossa loja — explica o diretor do Zaffari.
Alguns produtos com marca própria são produzidos pelo Zaffari, como os da padaria e a água engarrafada. Há também itens que vêm de outros países, como o molho de tomate, fabricado por uma empresa da Itália e rotulado com a marca do Zaffari.
— Tem o cara que tá pequenino, que não tem estrutura. Eu digo "faz isso, isso e isso que vou comprar de ti". O cara faz e entrega. a um tempo, ele quer vir com a sua marca para o mercado. Muitas empresas começaram do nada e cresceram conosco — comenta Claudio Zaffari.
Apesar da recente expansão com a marca Cestto, o diretor Claudio Zaffari diz que a empresa seguirá abrindo hipermercados. Para os próximos dois anos, estão previstas quatro novas unidades, mas sem usar a marca Bourbon.
— A marca Bourbon ará a ser usada somente em shoppings. Cada vez mais veremos a marca Zaffari nos hipermercados.
Os novos hipermercados ficarão junto a um empreendimento da Melnick, na Avenida Nilópolis, onde antes ficava uma loja do Nacional; no Moinhos Shopping, que também terá o pela Rua Tobias da Silva; no complexo Belvedere, no bairro Petrópolis; no shopping Bourbon Carlos Gomes; e mais um em São Paulo.
Apesar dos pedidos, o grupo segue sem previsão para instalar novas lojas no Interior e no Litoral:
— Nosso foco é concluir os projetos que estão nas cidades onde já temos empreendimentos. É uma atividade para fazer bem feito. Preciso ter logística, suprimento, cobrança. Lá na ponta, tem que ter uma densidade de venda considerável. Essa equação nem sempre se consegue, apesar de existirem bons supermercados no Interior e no Litoral — explica o executivo, que acrescenta:
— Já olhamos, negociamos (em cidades do Interior e do Litoral), mas, no momento da decisão, surgiram outros mais prioritários. Não tenho restrição com nenhuma cidade. Estamos devagarzinho. Não temos definição sobre Pelotas ou Santa Maria, por exemplo, belas cidades, que conheço bem e sempre nos perguntam. Não é fácil manter qualidade e lojas espalhadas em tudo quanto é canto.
Hoje, o Grupo Zaffari conta com 12,8 mil funcionários somando todas as unidades. Até o final do ano, com a abertura de novas lojas, prevê ar para quase 14 mil empregados.
Quem anda pelo Bourbon Shopping Wallig, na zona norte de Porto Alegre, percebe que muitos pontos comerciais estão vazios. Na época da inauguração, em 2012, este foi o empreendimento mais ambicioso do grupo. Nele, há o único cinema de Porto Alegre com tecnologia Imax. Conta também com uma agência do Tudo Fácil e um restaurante Outback, mas, mesmo assim, o movimento é abaixo do esperado.
Segundo Claudio Zaffari, a situação será revertida no início de 2026, quando todo o setor istrativo do grupo será transferido para o terceiro andar do shopping, que está em reformas. Serão 1,2 mil pessoas circulando diariamente pelo empreendimento.
— Também não fizemos os residenciais no quarteirão sul ainda (que fica atrás do shopping). Quando a economia acordar, encaminharemos isso. São processos. Quando começamos esse projeto, o Brasil estava com perspectivas mais alvissareiras. Na época, se discutia um metrô na Avenida Assis Brasil. Era outra realidade — diz Zaffari.
Na entrevista desta terça-feira, o diretor reiterou que o Zaffari planeja construir cinco prédios em um terreno situado ao lado do Shopping Praia de Belas, em Porto Alegre. Um ponto que gera polêmica é a altura de uma das torres previstas, que teria 130 metros. Se for erguida, será a mais alta da Capital. O projeto ainda está em fase de licenciamento na prefeitura.
Por enquanto, o terreno abriga o antigo prédio da Fundação para o Desenvolvimento de Recursos Humanos (FDRH), que ou a ser do grupo após uma troca com o governo do Estado pela construção de um presídio.
Outro projeto polêmico, que Claudio Zaffari diz que segue no horizonte, é a construção de uma torre de 98 metros de altura na Rua Duque de Caxias, no Centro Histórico. Esse empreendimento é tocado em parceria com a Melnick, mas foi barrado na Justiça após uma ação movida pela Associação dos Amigos do Museu Júlio de Castilhos, que afirma temer danos à estrutura da instituição caso o edifício seja erguido na vizinhança.
O prédio, de 41 andares, conectaria, por meio da torre, a Rua Duque de Caxias com a Fernando Machado, onde já existe um supermercado do Zaffari. Caso o imbróglio venha a ser resolvido, o grupo pretende reformar toda essa unidade.
Um dos cinemas comprados pelo Zaffari para expansão de loja segue fechado em Porto Alegre. Trata-se do Lido, na Avenida Borges de Medeiros, adquirido em 2011. O objetivo era usar o espaço de 1,5 mil metros quadrados para aumentar o supermercado do grupo na esquina das ruas Marechal Floriano Peixoto e Riachuelo. O projeto acabou não avançando na prefeitura.
Quando comprou o imóvel do Lido, há 14 anos, o Zaffari adquiriu também o antigo cinema Cacique, na Rua dos Andradas, que pertencia ao mesmo dono, o Grupo Severiano Ribeiro. O projeto para este espaço avançou e, em 2016, foi inaugurado um supermercado no local.
Claudio Zaffari diz que, por enquanto, não há planos para usar o imóvel do antigo cinema Lido:
— Tem mais de um problema. O cinema tem uma inclinação, teria que fazer um investimento para corrigir isso. Eu estudei aquilo lá, mas estamos parando para pensar. Um dia vamos resolver. Deixa lá dormindo.
Primeiro da rede no Centro Histórico, o supermercado na esquina das ruas Marechal Floriano Peixoto e Riachuelo foi inaugurado em 1978. Em 1995, ele ou por uma grande reforma de expansão após a compra de imóveis no entorno.