
Espelho, espelho meu, existe alguém mais crítica com a aparência do que eu? Sim, e aos montes. Nesse exato momento, existem mais mulheres se martirizando por uma barriga flácida do que se considerando bonitas apesar dela.
A parcela de mulheres felizes com sua aparência é assustadoramente pequena. Uma pesquisa feita em diversos países por uma multinacional cosmética apontou que só 4% das entrevistadas se consideravam bonitas. É uma característica peculiar ao jeito feminino de encarar o espelho que explica o fenômeno.
TESTE: a quantas anda a sua autoestima?
">
Imagem da famosa campanha da marca Dove

O teste do desenho
A pesquisa que apontou que apenas 4% das mulheres se consideram bonitas foi encomendada pela marca de produtos de beleza Dove, que há alguns anos levantou a bandeira da autoestima como mote de suas campanhas publicitárias, trocando modelos magérrimas - aquele ideal de beleza distante - por mulheres reais, com suas rugas, cabelo branco e gordurinhas na barriga.
O último comercial da marca se tornou viral na internet, com mais de quatro milhões de visualizações. Nele, mulheres são submetidas a um teste que tem o objetivo de mostrar o abismo que existe entre o que enxergam no espelho e como os outros as percebem.
As participantes foram convidadas a descrever seu rosto para um especialista em retrato falado. Sem nenhum contato visual com elas, o artista forense Gil Zamora, treinado pelo FBI, foi criando uma imagem baseada exclusivamente em como a mulher se descreveu. A crítica excessiva aparece na ênfase a "maxilar grande, sardas demais, rosto muito redondo".
Na segunda parte do experimento, uma outra pessoa é chamada para descrever a mulher que acabou de ser desenhada. Por estar falando sobre outra pessoa, e não sobre ela mesma, a crítica some - e o desenhista recebe informações como "belos olhos, queixo bonito". Ao final do teste, as participantes confrontam os dois desenhos feitos e chegam à inevitável conclusão: no retrato feito a partir de suas próprias descrições, parecem feias, tristes, envelhecidas. Já no outro, estão bem mais parecidas com o que são na realidade.
Veja o vídeo:
O teste fez com que as participantes repensassem a forma como se veem. O resultado impressionou até mesmo o desenhista do FBI.
? Em tantos anos fazendo desenhos de outras pessoas, percebo que são as pequenas coisas que importam mais para elas. Podemos ser extremamente críticos sobre a forma como nos vemos, mas quem está à nossa volta não percebe. Se aceitássemos que os outros não são tão analíticos, não seríamos tão obcecados em parecer de um jeito específico ? reflete Gil Zamora.
TESTE: a quantas anda a sua autoestima?
Mude o foco
A elevação da autoestima é um processo gradual. Ângela Leggerini de Figueiredo, especialista em Psicoterapia Cognitiva e Comportamental e professora da Faculdade de Psicologia da PUCRS, conta por onde começar.
* Tenha uma visão realista (nem pessimista nem otimista demais) de si mesma, visando metas de beleza e corpo atingíveis com o seu biotipo.
* Tenha claro onde quer chegar e o que quer comunicar através da sua imagem física.
* Mantenha-se o mais fiel possível aos seus objetivos, levando em conta que todo ser humano é ível de falhas.
* Dê ao corpo a dimensão que ele realmente tem na sua vida, sem depositar nele toda e qualquer razão para felicidade ou infelicidade. O corpo é uma parte do ser e não todo o ser.
* Tente afastar-se de lógicas 8 ou 80: ou sou perfeita ou não valho nada.
* Lembre-se: sempre que nos comparamos a alguém só enxergamos o resultado final e não o processo que a pessoa ou para alcançar o objetivo.
Autoestima em alta
Pesquisa feita pela Unimed mapeou o bem-estar de quem mora em Porto Alegre. Na seção sobre bem-estar psicológico, o estudo investigou a questão da autoestima.
"> 89% têm dores musculares ou dor de cabeça
13% têm taquicardia ou arritmia cardíaca
26% têm problemas gastrointestinais
77% sofrem de angústia
83% sofrem de ansiedade
46% sofrem de depressão
59% am por conflitos interpessoais (como problemas em relações amorosas)
TESTE: a quantas anda a sua autoestima?
De mãe para filha
Começa em casa a criação de uma boa autoestima. As meninas tendem a repetir a abordagem das mães em relação à aparência. Sabendo de todos os problemas que o excesso de críticas pode causar, policie-se:
- Evite se depreciar em frente às crianças, reclamando do corpo em frente ao espelho.
- Jamais use apelidos negativos relacionados à aparência física. Repreenda se outro membro da família fizer isso.
- Não desmereça perguntas ou queixas sobre mudanças no corpo.
60% das meninas evitam determinadas atividades porque se sentem mal com sua aparência.
23% deixam de ir à praia ou piscina
13% deixam de dar opiniões em discussões
15% deixam de ir à escola
Fonte: The Real Truth About Beauty,
pesquisa feita pela Dove em 2010