
Falamos de comida todos os dias por aqui. E, embora estejamos aqui para falar de um assunto leve, não podemos fechar os olhos para a realidade que vivemos no Brasil, com a pandemia. Acreditamos que a gastronomia deveria ser um direito de todos. A gastronomia cura, cuida e transforma.
Justamente por acreditar no poder da comida, conversamos com a pesquisadora em alimentação e inovação social Franciele Reche, e compartilhamos algumas iniciativas que trabalham todos os dias no combate à fome no Brasil.
Com o agravamento da pandemia, a ameaça da insegurança alimentar tornou-se realidade para milhares de famílias brasileiras. De acordo com a pesquisadora, a fome sempre esteve presente no nosso país, mas, agora, estamos vivendo a junção da fome epidêmica, causada pela covid-19, com a fome endêmica, aquela que ocorre em virtude da subnutrição, quando as pessoas não têm o a quantidade de comida suficiente para lhes garantir os nutrientes necessários.
ENTENDA A SITUAÇÃO
A Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, indicou que, em janeiro, os preços dos alimentos básicos, necessários para as refeições de uma pessoa adulta durante um mês, aumentaram em 13 capitais pesquisadas. Ao mesmo o que, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), o Brasil iniciou 2021 com um número recorde de desempregados. Houve um crescimento de 19,8% em relação a outubro de 2020, chegando a um total de 6 milhões de pessoas sem um emprego formal.
Em 2020, na eclosão da pandemia, a falta de comida na mesa virou uma realidade não somente para aqueles que estão em vulnerabilidade social, mas também para quem "se virava" e tinha um trabalho mesmo que informal. Segundo dados da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar, a insegurança alimentar grave afeta 9% da população, ou seja, 19 milhões de brasileiros estão ando fome.
– Insegurança alimentar é quando uma pessoa não tem o pleno e permanente a alimentos. A Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA) tem uma série de perguntas que divide a insegurança alimentar em leve, moderada e grave. Quando chega na grave, é considerada fome. Mas, como bem diz a historiadora Adriana Salay Leme, uma das maiores pesquisadora sobre o assunto no país, temos que olhar para todos os níveis, pois essas também deveriam ser considerada fome, visto as suas vulnerabilidades – explica Franciele.
Em Porto Alegre, um exemplo, é a Misturaí, com sede localizada na Vila Planetário. A ONG tem como objetivo criar projetos sociais que beneficiam diferentes segmentos sociais. O Amparaí é um desses projetos que se concentra na distribuição de comida, atendendo a população em situação de rua e em comunidades vulneráveis. Em um ano de projeto, a Misturaí entregou mais de 133 mil refeições (veja como apoiar pelo link).
Franciele também lembra da campanha online, criada pelo Coletivo Banquetaço, no ano ado. O "Gente é pra brilhar, não pra morrer de fome" uniu chefs renomados como Paola Carossela, Rodrigo Oliveira, Helena Rizzo, Bel Coelho e Bela Gil para debater a fome e promover um marmitaço em todo o país.
– A comida muda mundos. Sabemos que a gastronomia, em um todo, está sendo muito afetada pela pandemia, mas esse é o momento da força do coletivo. De, mais do que nunca, ajudar comprando dos pequenos negócios, dos produtores locais, da agricultura familiar. A gente acha que só a fome quem está nas favelas, o que está totalmente errado – ressalta a pesquisadora.
Além da Amparaí, iniciativa da ONG Misturaí, Franciele compartilhou conosco outros projetos que atuam nas comunidades em Porto Alegre e região metropolitana, e como podemos ajudar no dia a dia.
- Centro Social Padre Pedro Leonardi
Somos uma instituição que atende pessoas em situação de risco e vulnerabilidade social, garantindo o a direitos básicos. São mais de 500 famílias ajudadas por mês.
Mais informações sobre doações e projetos pelo Instagram @centrosocialpadrepedroleonardi, pelo site padrepedroleonardi.org.br, ou pelo telefone (51) 98410-5400 - Fundação Pão dos Pobres
A fundação atende mais de 1,4 mil crianças e adolescentes em situações vulneráveis.
Mais informações sobre doações e projetos pelo site paodospobres.org.br ou pelo Instagram @fundacaopaodospobres - PF nas Ruas
O grupo trabalha para servir um almoço nutritivo, saboroso e quentinho para pessoas em situação de vulnerabilidade na capital gaúcha.
Mais informações sobre doações e projetos pelo Facebook: facebook.com/pfdasruas ou pelo telefone: (51) 99847-2398 - Cozinheiros do Bem
O coletivo atende Porto Alegre e também Florianópolis distribuindo alimentos a para pessoas em situação de rua. Os voluntários participam desde a arrecadação e distribuição, até o preparo das marmitas.
Mais informações sobre doações e projetos pelo WhatsApp: (51) 99853-2190 ou Instagram @cozinheiros_do_bem - Rede Solidária São Léo
Atende 14 comunidades de São Leopoldo, através da compra de cestas básicas orgânicas e produtos de higiene.
Locais para doação: Avenida Som Feliciano, 726, em São Leopoldo
Avenida Unisinos, 705, São Leopoldo
Mais informações sobre doações e projetos pelo Instagram @redesolidariasaoleo
– Qualquer pequeno o já é muito pra quem tem fome. Quem tem fome não sonha. Quem tem fome tem pressa, né? – afirma Franciele.
Conhece outras instituições que também estão com projetos de combate à fome em Porto Alegre e região? Compartilha conosco!