"Westworld" e "Stranger Things" dominam indicações ao Emmy 2017
Coluna Spoiler: duas novas séries indicadas ao Emmy (e pouco conhecidas) que valem a pena

Na semana ada, a produção do Hulu recebeu oito indicações ao Emmy em seis categorias diferentes, incluindo a de melhor série dramática e de melhor atriz em série dramática, para Elisabeth Moss – que veio de Mad Men para encarnar a aia cujas memórias formaram o relato de The Handmaid's Tale. Ela é Offred ("of Fred", ou "de Fred"), a criada que, em um mundo onde os níveis de fertilidade são extremamente baixos, é destinada a gerar filhos contra sua vontade para um dos líderes da seita cristã que fundou Gilead (interpretado por Joseph Fiennes).

Debaixo do vestido vermelho e da touca branca que formam seu uniforme, Moss apresenta ao espectador as diferentes camadas psicológicas de Offred. A atriz memorizou não só as falas da personagem, mas também a narração em off, para mentalizar durante as gravações – o que faz com que as emoções que vão moldando seu rosto estejam de fato em sincronia com a voz que verbaliza seus pensamentos em cena. O elenco ainda tem Samira Wiley e Alexis Bledel, ambas escaladas em produções recentes da Netflix (Wiley é a Poussey de Orange Is the New Black, e Bledel voltou, no ano ado, a viver a Rory de Gilmore Girls) – as duas levaram as indicações ao Emmy, respectivamente, nas categorias de melhor atriz coadjuvante em série dramática e melhor atriz convidada em série dramática.

Disputando com Wiley está Ann Dowd, de The Leftovers, que interpreta uma das Tias responsáveis por manter as aias obedientes a seus patrões. A série concorre também ao prêmio de roteiro (com Bruce Miller, pelo episódio-piloto) e de direção, com Reed Morano e Kate Dennis. Há mais três diretores dividindo os 10 capítulos: Floria Sigismondi (The Runaways), Kari Skogland (de dois episódios de The Walking Dead) e Mike Barker (de dois episódios de Fargo).

E se The Handmaid's Tale é uma resposta à reação antifeminista dos anos 1980, como contou a escritora, também serve para rebater o ressurgimento da onda conservadora nos anos 2010. Atwood tomou o cuidado de incluir, na história, apenas situações que já ocorreram em algum momento da História, como o uso do vestuário coordenado para definir status social, gravidezes forçadas, enforcamentos em praça pública e o estupro institucionalizado – uma assustadoramente plausível combinação de fatos de diferentes períodos.

Faz da narrativa não apenas uma afirmação de que não conquistamos o suficiente, mas também um lembrete de que, se você é mulher, nenhum direito está completamente garantido.

O livro
Publicado em 1984 por Margaret Atwood, O Conto da Aia tornou-se novamente best-seller com a elogiada adaptação na série The Handmaid’s Tale, da plataforma de streaming Hulu, tem Elisabeth Moss (de Mad Men) no papel principal. O romance, que estava esgotado no Brasil (cotados a R$ 180 em sebos), ganhou reedição pela Rocco este ano. Tradução de Ana Deiró, 368 páginas, R$ 48.

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