Mas o que teria convencido ele a ser o autor de Malhação - Viva a Diferença?
– Acho que, à medida que eu percebi que poderia dar conta, com uma equipe entendendo as condições, me convenci que seria uma experiência interessante justamente por esse poder de comunicação que a novela tem com o público – responde ele.
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Autor da nova temporada de 'Malhação', Cao Hamburger assina sua primeira novela
Há mais de 20 anos no ar, a novela teen Malhação a por transformações a cada temporada. E, nesta nova, que estreia nesta segunda-feira (8), Cao já deixou sua marca. As novidades são bem significativas. Uma delas é o protagonismo no folhetim, que antes pertencia a um casal central ou um triângulo amoroso e, agora, será compartilhado por cinco garotas.
"As five", como ficarão conhecidas, vêm de diferentes universos culturais e sociais. Keyla (Gabriela Medvedovski), Lica (Manoela Aliperti), Ellen (Heslaine Vieira), Tina (Ana Hikari) e Benê (Daphne Bozaski) moram em regiões diferentes de São Paulo, de Brasilândia a Higienópolis, ando pela Liberdade, mas estudam no mesmo bairro, Vila Mariana. Três delas frequentam um colégio público e outras duas, um colégio particular. Elas serão unidas por um momento impactante - não é spoiler: um dia, as cinco estão, coincidentemente, no mesmo vagão de metrô, e Keyla, grávida, começa a sentir as dores do parto e tem o bebê ali mesmo, com a ajuda das outras quatro.
As jovens atrizes foram escolhidas após um longo processo de seleção, que teve início em junho do ano ado, com entrevistas e, depois, oficinas de interpretação e testes.
– A gente queria muito que elas atendessem ao que a gente esperava dos personagens – explica o diretor Paulo Silvestrini.
Na hora de escrever a sinopse da trama, Cao Hamburger conta que a inspiração inicial veio de um grupo de amigas que sua filha formou desde que elas eram pequenas e que durou até a adolescência.
– Eram seis amigas muito íntimas que se chamavam, e talvez ainda se chamem, autoironicamente, de 'as six'. No início, minha ideia era que seriam seis amigas, mas, durante o processo, achei que 'as five' seria mais apropriado para o formato.
Cao, que trabalhou com mais frequência com personagens masculinos, diz que a vontade de falar sobre essas meninas surgiu sem um motivo aparente. E foi percebendo que o que mais o atraía "era tentar entender um pouco o universo feminino, como as meninas se sentem no mundo e como veem o mundo".
– E também a ideia de uma ser bem diferente da outra. Contar uma história de amigas que inventaram uma utopia, quase, no Brasil principalmente. Porque não são só diferenças sociais, mas também culturais. A vontade de ver esse curto circuito acontecendo. Acho que é um exercício bom para a gente fazer nesse momento, no país em que a gente está vivendo, no mundo em que a gente está vivendo hoje. Não foi uma coisa consciente: 'preciso falar sobre isso'. Essa movimentação da reflexão sobre o papel da mulher no mundo, estava tudo no ar e as minhas antenas captaram esses elementos, e coloquei tudo isso no núcleo da história – completa ele.
Além disso, Malhação, que sempre se ou no Rio, pela primeira vez terá como cenário São Paulo. A trama nasceu localizada na metrópole já na sinopse.
– Tinha de ser em São Paulo, porque essa história faz mais sentido nela. A ideia foi se formando na cidade, e, quando eu sugeri, eles adoraram. Acho que, para a Globo, também era interessante – diz o autor.
Aliás, o encontro dele, de Silvestrini e do elenco com a imprensa ocorreu justamente em São Paulo, num bar da Vila Madalena, o High Line, há algumas semanas.
Acostumado a dialogar com o público infanto-juvenil em outros formatos, Cao ressalta que sempre foi um desafio na TV falar com o jovem. E é ainda mais agora.
– Atualmente, esse é um público que, na maioria das vezes, não está na televisão, está nas outras telas. Então, a gente tem um trabalho com outras telas. Realmente, é um grande desafio, porque hoje é muito difícil fazer um jovem ssistir à televisão. Mas a gente está trabalhando duro, buscando fazer uma história que cative os jovens, sem esquecer os outros públicos – observa.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.