Vivendo em Brasília desde 2009, longe das velhas rotinas, o artista diz que tem mais tempo para se dedicar a esse tipo de trabalho.
- Também tenho viajado muito: Brasília é mais perto de Minas Gerais e do Nordeste, lugares que também têm me inspirado a pintar - diz, no seu antigo apartamento do centro de Porto Alegre, onde recebe ZH e, gentilmente, se põe a produzir uma nova aquarela.
- A técnica da aquarela é simples e rápida. A tinta é transparente - demonstra, misturando-a à água. - Diferentemente do que acontece com as tintas opacas (óleo e acrílica), você pinta a partir dos pontos claros, usando as áreas de luz, e não preenchendo-as integralmente.
Fonseca foi editor da Revista do Globo e diretor de arte na agência MPM - duas das grandes marcas da comunicação de Porto Alegre no século 20. Deu aulas na UFRGS, na UniRitter e na Faccat, editou livros sobre design gráfico, tipografia e caricatura, além da popular série Traçando, produzida com o escritor Luis Fernando Verissimo e publicada pela Artes & Ofícios. Nos últimos anos, deixou tudo um tantinho de lado e escolheu a aquarela como atividade prioritária - embora atue em outras áreas e com outras técnicas das artes visuais, a exemplo da pintura com extrato de nogueira.
- Achei muito interessante a tonalidade marrom desse tipo de tinta - explica, apresentando um álbum com retratos de jazzistas que ele produziu recentemente.
Estâncias e Colônias é composta de cerca de 40 aquarelas, que fazem referência a paisagens escondidas de municípios como Candelária, Itaqui e Uruguaiana e a locais amplamente conhecidos como o Castelo de Pedras Altas e as Ruínas de São Miguel das Missões. Pela ligação afetiva que mantém com os cenários retratados (além das imagens "de cartão-postal", há casas de campo de amigos), pode-se dizer que se trata de um reencontro com sua terra - Alegrete, onde Joaquim da Fonseca nasceu, também está representada na exposição:
- Não é coincidência que pintei tudo isso em Brasília.
Longe de casa, o mestre de várias gerações de artistas gaúchos está saudoso.
ESTÂNCIAS E COLÔNIAS
Galeria Paulo Capelari (Rua Coronel Bordini, 665), Auxiliadora, em Porto Alegre, fone (51) 3061-6768. Abertura nesta segunda, às 19h. Visitação de segunda a sexta-feira, das 9h às 19h, e sábado, das 10h às 13h. Até 25 de julho. Entrada franca.