Assembleias estudantis realizadas na sala de aula, entre alunos e o professor conselheiro, foram uma forma encontrada pelo Colégio Farroupilha para que os alunos consigam resolver conflitos que surgem na escola. Potes com as inscrições elogio (ou “curti”), crítica e sugestões recebem bilhetinhos anônimos, que não podem identificar alguém pessoalmente também. Eles farão parte de uma pauta que será abordada em um círculo na turma, uma vez por semana ou até trimestralmente, dependendo da idade dos alunos.
Júlia Fraporti Heller, 16 anos, conta que inicialmente demorou para os estudantes “se soltarem” nessas reuniões. Mas assim que se sentiram seguros para colaborar, surgiram resultados positivos.
– Algumas colegas nem percebiam que estavam fazendo mal – relata.
As assembleias ficaram tão populares que a equipe da escola recebeu relatos de que alunos levaram a ideia para casa, sugerindo ação semelhante com os pais e irmãos. Luciana Motta, psicóloga escolar dos anos iniciais, comenta que isso é um resultado do entendimento da assembleia como um espaço seguro de auxílio.
Outra dica importante é manter um diálogo constante com os professores do seu filho. Solicite que eles prestem atenção na relação dele com as outras crianças.
Se os pais identificarem sofrimento no seu filho, devem buscar orientações de como agir com um psicólogo. E não se esqueça de pedir que a escola tome providências, no sentido de conversar com a criança que está praticando bullying e com a família dela.
É essencial a criação de um vínculo de confiança entre a criança ou adolescente e a pessoa para quem ela vai estar disposta a contar o que lhe incomoda. Muitas vezes, ela teme relatar algo por causa da provável reação do familiar, porque ou vai culpar a ela mesma ou vai ligar para o pai do colega e brigar, por exemplo.
Pela mudança de comportamento: se você observar que a criança está mais agressiva, que ela está mais explosiva, provocativa e tudo se torna um motivo para brigar, fique alerta. Converse com os professores também. É interessante observar a forma como seu filho trata seus pares. Receba os colegas do filho em casa e veja como se dá a relação entre ele e as outras crianças.
Independentemente se for confirmado que seu filho pratica, é essencial conversar sobre respeito às diferenças.
– É necessário explicar que violência não é apenas bater, violência é também deixar o outro chateado. E é preciso incentivar o exercício de se colocar no lugar do outro – acrescenta Andréia.
Também pode ser importante a família buscar orientação com um psicológico.
Estudos revelam um pequeno predomínio dos meninos sobre as meninas na prática de bullying. Por serem mais agressivos e utilizarem a força física, as atitudes dos meninos são mais visíveis. Já as meninas costumam praticar bullying mais na base de intrigas, fofocas e isolamento das colegas. Podem, com isso, ar despercebidas, tanto na escola quanto no ambiente doméstico.
Uma das formas mais agressivas de bullying, que ganha cada vez mais espaços sem fronteiras, é o cyberbullying ou bullying virtual. Os ataques ocorrem por meio de ferramentas tecnológicas e seus recursos (e-mails, redes sociais, vídeos, entre outros).
O cyberbullying extrapola os muros das escolas e expõe a vítima ao escárnio público. Os praticantes desse modo de perversidade também se valem do anonimato e, sem nenhum constrangimento, atingem a vítima da forma mais vil possível.
Os bullies (agressores) escolhem os alunos que estão em franca desigualdade de poder, seja por situação socioeconômica, situação de idade, de porte físico ou até porque numericamente estão desfavoráveis. Além disso, as vítimas, de forma geral, já apresentam algo que destoa do grupo (são tímidas, introspectivas, nerds, muito magras; são de credo, raça ou orientação sexual diferente, entre outros). Não há justificativas plausíveis para a escolha, mas os alvos costumam ser aqueles que não conseguem fazer frente às agressões sofridas.
Os problemas mais comuns entre quem sofre bullying são: desinteresse pela escola; problemas psicossomáticos; problemas comportamentais e psíquicos como transtorno do pânico, depressão, anorexia e bulimia, fobia escolar, fobia social, ansiedade generalizada, entre outros. O bullying também pode agravar problemas preexistentes, devido ao tempo prolongado de estresse a que a vítima é submetida. Em casos mais graves, podem-se observar quadros de esquizofrenia, homicídio e suicídio.
Fonte: Cartilha do Conselho Nacional de Justiça