Quando picada, geralmente, a pessoa demora a perceber o ferimento. Souza afirma que a mordida só é notada entre três e seis horas após o incidente. Neste período, a região apresenta vermelhidão, dor e pode haver a formação de bolhas escuras na região. A orientação é procurar atendimento médico o mais cedo possível, para utilização do soro específico e para cuidados com o ferimento.
– Se corretamente diagnosticado e tratado, o prognóstico é bom – avalia o biólogo.
Caso não seja tratada, a região pode, sim, necrosar. No entanto, isso ocorre de forma lenta e gradual. Everton Nei Lopes Rodrigues, professor de Biologia da Unisinos, diz que este problema pode aparecer dentro de uma semana:
– É um caso um pouco mais sério, pois a necrose favorece a entrada de bactérias oportunistas, dificultando a cicatrização – garante.
Este ferimento pode atingir a musculatura e requerer até cirurgia plástica para correção da área afetada. Mesmo sendo considerada uma das aranhas mais perigosas do Brasil, os casos de óbito são considerados raros. Quando ocorrem, geralmente estão associados à atuação da toxina do animal nos rins, fígado e no sangue.
– Em geral, quando ocorre é por insuficiência renal – fala Rodrigues.
Como cuidado, a dica é sacudir roupas e sapatos antes de usá-los e manter jardins e pátios limpos. Em caso de picada, deve-se procurar atendimento médico o mais rápido possível. De acordo com o professor, o Paraná é o Estado que concentra o maior número de acidentes com a aranha marrom.
Por que elas são mais comuns no Sul?
Embora não seja uma questão fácil de responder, especialistas apontam algumas hipóteses que podem explicar este fenômeno. O biólogo Claudio Maurício de Souza cita as mais comuns:
– Fatores climáticos que favoreceriam a biologia do animal estariam mais concentrados nos Estados do Sul.
– Questões sociais referentes à ocupação humana: casas de madeira, com muitos móveis, quadros, sótãos e porões poderiam beneficiar o animal.
– Como os acidentes chamaram a atenção primeiro no Sul, a vigilância nestes locais é maior. Há mais notificações e os órgãos responsáveis estão mais atentos ao problema.