
A ideia de voltar a uma cidade da qual se gosta muito é sempre uma tentação — por menor que seja o lugar, sempre há alguma coisa nova para fazer ou ver. É assim, comigo, quando se trata de Nova Petrópolis (não, eu não canso de falar). Mas quando pedi, na pousada onde estava hospedada, uma dica de novidade por ali ou nos arredores, me responderam com uma pergunta:
— Você já foi a Linha Nova?
Não, nunca tinha ido. E não tive dúvidas. Fui. O que me levou a iniciar esta pequena série de textos sobre "a cidade ao lado" de consagrados destinos turísticos no RS. Dizer que o trajeto de 17 quilômetros entre Nova Petrópolis e Linha Nova já é a atração não é simples retórica: o caminho é lindo, de vales e paredões, de muito verde e construções bonitas. E, também conta, quase todo o trecho é asfaltado — as pequenas porções de estrada de terra estavam em boas condições.
Fiquei poucas horas em Linha Nova, mas conto o que vi e falo sobre o que li a respeito a seguir:
Trata-se de um dos 30 municípios gaúchos com menor população (estimativa de 1.724 habitantes em 2021, segundo o IBGE). Mas a amostra que tive, na feira do produtor e numa cervejaria local, já me deu uma boa ideia de que visitantes são muito bem-vindos por eles. Não se poderia esperar outra coisa de um lugar que integra duas rotas turísticos com nomes inspiradores: a Rota Romântica e o Vale da Felicidade. É uma jovem cidade, que vai completar 30 anos em 2022.

As principais atrações estão no Parque Municipal, onde fica a casa da primeira cervejaria do Estado (você lerá mais sobre isso abaixo), uma área de exposições e eventos, uma loja de artesanato e a Tenda do Agricultor. Em frente fica a igreja evangélica, de 1890. Ao lado dela, a primeira escola da cidade, hoje biblioteca. Fazem parque do parque ainda um centro poliesportivo, a escola e a prefeitura. E tente encontrar um palito de picolé na grama bem cortada! Uma pena eu ter chegado muito antes do horário da abertura e ter desabado uma chuvarada, o que me impediu de esperar para conhecer esses locais abertos. Mas deu tempo para me fartar de produtos coloniais na tendinha que já encerrava o expediente.
Só soube disso depois, mas Linha Nova tem 120 quilômetros de estradas e caminhos rurais, muitos abertos ainda na época da chegada dos primeiros imigrantes alemães, em 1847. Para incentivar o turismo, criaram-se roteiros autoguiados chamados de Sweg — traduzido como caminho de diversão ou caminho prazeroso. Os lugares estão mapeados e sinalizados e dá para fazê-los a pé, de bicicleta ou de carro. Entrei por um desses por engano, mas achei a saída com facilidade. Deu vontade de voltar para percorrer os trechos a pé.