
Na RS-235, perto de Getúlio Vargas, há um outdoor do deputado estadual Paparico Bacchi (PL) se posicionando contra os pedágios na rodovia. Curioso é que próximo desse ponto está a praça de pedágio da Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) em Coxilha, o que soa como contradição.
O deputado não está se referindo àquele pedágio, mas ao projeto do governo Eduardo Leite de fazer, ainda neste ano, o leilão do bloco 2 de rodovias estaduais, que melhora a ligação do Norte do Estado com a Capital e com a Serra. É um pensamento pequeno de Paparico, que, mesmo sendo da região, parece ignorar a necessidade de melhorar as estradas.
Pedágios são impopulares no Rio Grande do Sul desde que foram instalados os primeiros, no governo de Antônio Britto (1995-1998). É fato que aquelas concessões tinham problemas, porque não contemplavam as necessárias obras de duplicação. Pagava-se apenas pela manutenção.
Encerrados os contratos, no governo de Tarso Genro (2011-2014), foi criada a EGR, que seguiu cobrando em algumas rodovias sem investir em duplicações, viadutos e pontes.
É evidente que todos gostaríamos de ter estradas da qualidade das alemãs, sem pagar pedágio. Só que o Estado não tem e não terá dinheiro para construí-las. E o governo tem uma “escolha de Sofia” pela frente: ou cede à pressão de quem é contra a concessão e condena as regiões afetadas a continuarem com dificuldades para escoar sua produção ou encara o risco da impopularidade, pensando no futuro do Estado.
Com a duplicação de BR-386 (concedida à CCR Viasul), que está a pleno vapor no trecho Fontoura Xavier-Tio Hugo, fica ainda mais evidente o contraste com a situação das rodovias estaduais que levam a municípios importantes, como o Fundo, Marau, Erechim e todos os outros que ficam pelo caminho.
São estradas de pista simples, com poucos trechos de terceiras faixas para caminhões e asfalto e sinalização deficientes, mesmo nos trechos em que a EGR já cobra pedágio, o que inclui a RS-129, a RS-130 e a RS-324, esta também conhecida como Estrada da Morte.
Leite precisa ter coragem de desagradar uma parte da população para garantir mais segurança a quem trafega nas rodovias gaúchas. É inaceitável que o Fundo e Erechim, cidades pujantes e em franco crescimento, tenham os tão precários. É criminoso que os cruzamentos onde deveriam ter sido construídos viadutos ainda sejam feitos em rótulas perigosas, com frequentes casos de acidentes fatais.
Cobrança por trecho
Os pedágios do bloco 2 serão no sistema "free flow", no qual não há praças ou pontos de parada. A cobrança será feita por meio de pórticos eletrônicos instalados ao longo da rodovia e será proporcional ao trecho percorrido.