Entre as pessoas mais lúcidas, ou seja, as que acreditam em ETs, percebo dois grupos bem definidos. O primeiro mantém traços de ceticismo, argumentando que a vida extraterrena se materializa em criaturas cuja forma e aparência nem sequer conhecemos. Dizem, as pessoas desse grupo, que os alienígenas podem ser como peixes, insetos ou crustáceos de outros planetas.

Ora, assim é muito fácil! Chutar que existe um peixinho lá pelas bandas de Andrômeda, por favor, chega a ser desrespeitoso com o pessoal que vive lá. Portanto, pode-se notar que faço parte do segundo grupo: o das pessoas que acreditam na existência de ETs humanoides.

Acho bem razoável um ET humanoide.

Não se trata, neste caso, da velha prepotência do homem de imaginar tudo à sua semelhança. Sei que já fizemos isso com Deus e, aliás, tenho mais dúvidas sobre a existência de Deus do que sobre a existência de ETs. Resumindo, não é que os alienígenas sejam parecidos conosco, nada disso, a questão é que nós temos uma estrutura física bastante presumível para qualquer ser biologicamente evoluído e dotado de inteligência e raciocínio. Não há surpresa alguma em dois pés, dois braços, dois olhos e tudo mais.

Some-se isso a uma série de estudos e relatos de pessoas contatadas por ETs e, pronto, você chega às diferentes espécies de extraterrestres, sendo a mais famosa a dos greys. Conhece os greys? São aqueles que medem 1m30cm, têm pele acinzentada, enormes olhos negros e cabeça de ovo de Páscoa. Eu levaria fácil um baixinho desses para um chope lá em casa.

Mas a pior parte de acreditar em ETs é quando você conhece um congresso dedicado a ETs. No ano ado, fui ao Fórum Mundial de Contatados, em Porto Alegre, e ouvi relatos sobre um ET loiro que flutuava em uma bolha à beira-mar, sobre um homem que se comunicava com outra galáxia por telepatia, sobre um locutor de rodeios que viajou de disco voador para conhecer um planeta distante e – esta foi a melhor – sobre a reunião que um ex-presidente americano teve com três alienígenas de raças diferentes.

Tudo tem limite.

Ao observar aquela turma, entendi como alguém se sente quando me flagra vendo o History Channel. Lembro de ir tomando o rumo da porta, devagarinho, meio constrangido, repetindo em voz baixa a desconfiada pergunta:

– Credo, como alguém acredita nisso?

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O ator e cineasta Marcelo Restori escreveu uma resposta à coluna "A tocha do preconceito", publicada ontem. Leia o texto dele aqui.


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