Esta série de editoriais contempla temas apontados como prioridade para o desenvolvimento do Rio Grande do Sul por entidades da indústria, do comércio, do agronegócio e pelas bancadas estadual e federal de deputados em reuniões com o Conselho Editorial do Grupo RBS. Os temas abordados serão:
• Fundo constitucional do Sul
• Formação profissional e recuperação da Educação Básica
• Falta de mão de obra e impacto de benefícios sociais
• Inovação e expansão de centros de tecnologia
• Infraestrutura logística e contenção de cheias
• Valorização e consumo dos produtos gaúchos
• Relevância do agronegócio
• Bancada federal no Congresso
Não há base mais firme para erigir o desenvolvimento do que a educação. É dever insistir neste princípio. Ainda mais para o caso gaúcho, que pelo rápido envelhecimento da população tem jovens chegando ao mercado de trabalho. A demografia impõe um ensino de maior qualidade para forjar capital humano mais produtivo no trabalho e capaz de acompanhar as transformações tecnológicas.
Sabe-se há bastante tempo que o Rio Grande do Sul desgarrou das posições de liderança na aprendizagem no país. Chegou o momento de a sociedade gaúcha ar a uma reivindicação enérgica para que as promessas de melhoria nos indicadores da Educação Básica se materializem.
O ensino profissionalizante é outra modalidade de extrema relevância, por ser uma ponte entre escola e empresas
O Estado, por ter a maior rede, deve ser o primeiro a ser cobrado. Programas apresentados com pompa não faltam. Mas carecem de resultados. Convém acompanhar a evolução da agenda apresentada pelo governador Eduardo Leite em fevereiro, com estratégias pedagógicas e de gestão para os próximos 10 anos. A intenção é ter uma das três melhores notas do Brasil no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) em todas as etapas. Em 2023, o Estado ficou entre a 9ª e a 11ª posição, dependendo da fase de ensino. É promissor ter objetivos ousados. Mas não basta tê-los. É preciso alcançá-los.
Outro desafio é a evasão no Ensino Médio. A taxa de 8,9% é três vezes a média nacional. O Piratini, na semana ada, apresentou uma nova ferramenta que utiliza inteligência artificial para detectar alunos com risco de abandono da sala de aula e intervir a tempo. Tem méritos, mas precisa apresentar efeitos, assim como os programas Pé-de-Meia (federal) e Todo Jovem na Escola (estadual), de incentivo financeiro para estudantes concluírem o Médio.
Merece atenção, também, o quadro constrangedor do ensino público de Porto Alegre. Teve o segundo pior Ideb entre as capitais em 2023. Em estudo da ONG Todos pela Educação, surgiu em último em português e em matemática no 9º ano do Ensino Fundamental entre 26 capitais e outras 20 cidades com mais de 500 mil habitantes. É deprimente a performance em matemática. Apenas 5,1% dos estudantes daquela série tiveram um desempenho considerado adequado na matéria. Está aí uma área do conhecimento que requer cuidado especial.
O ensino profissionalizante é outra modalidade de extrema relevância. É uma ponte entre escola e empresas. Estudantes saem com uma profissão e habilidades bastante valorizadas no mercado. A rede vinculada ao Estado tem cerca de 28 mil alunos, mas o Plano Decenal da Educação Profissional e Tecnológica prevê chegar a 116 mil matrículas até 2032. Parece uma meta inexequível, mas convém empenho para se aproximar dela o máximo possível.
Novas fórmulas precisam ser mais testadas, como a proposta do Sesi/Senai, detentor de uma rede de excelência, de receber estudantes do ensino público no contraturno. Os problemas de infraestrutura nas escolas, da mesma forma, podem ser solucionados com parcerias público-privadas. Resta claro que, insistindo nos mesmos métodos, os resultados não serão diferentes.