Esta série de editoriais contempla temas apontados como prioridade para o desenvolvimento do Rio Grande do Sul por entidades da indústria, do comércio, do agronegócio e pelas bancadas estadual e federal de deputados em reuniões com o Conselho Editorial do Grupo RBS. Os temas abordados são:
• Fundo constitucional do Sul
• Formação profissional e recuperação da Educação Básica
• Falta de mão de obra e impacto de benefícios sociais
• Inovação e expansão de centros de tecnologia
• Infraestrutura logística e contenção de cheias
• Valorização e consumo dos produtos gaúchos
• Relevância do agronegócio
• Bancada federal no Congresso
É nos parlamentos que a democracia representativa pulsa. A composição dos Legislativos municipais, Assembleias estaduais e Câmara dos Deputados reflete a multiplicidade de posições políticas do eleitorado e as diferentes camadas da sociedade civil. Torna-se previsível que, diante de tantas visões distintas de mundo e de interesses tão plurais, surjam divergências. O choque de ideias, conduzido de forma civilizada, é o próprio espírito da democracia.
Essa heterogeneidade de opiniões e de grupos representados por óbvio também está presente na bancada gaúcha no Congresso Nacional. Neste momento de reconstrução do Estado pós-enchente, com desafios críticos para a retomada do desenvolvimento e para o futuro, cresce a responsabilidade dos 31 deputados federais e dos três senadores eleitos pelos gaúchos. Ainda que tenham pontos de vista discrepantes, devem saber o momento de deixar as diferenças de lado para convergir e atuar em conjunto na defesa das principais demandas do Estado.
Não se requer de nenhum parlamentar que abra mão de suas convicções ou das pautas do estrato que o elegeu. Mas as circunstâncias exigem uma articulação suprapartidária mais efetiva e alinhada em torno dos temas relevantes para o RS. É necessário demonstrar força política e união para que assuntos decididos em Brasília tenham encaminhamentos favoráveis às reivindicações locais.
Há uma série de pautas que precisam ser endereçadas e não andarão sem uma mobilização determinada da bancada gaúcha. O Estado precisa que prospere a proposta em tramitação na Câmara para criar um fundo constitucional para o Sul, como os de que dispõem o Nordeste, o Norte e o Centro-Oeste. É essencial para financiamentos em condições mais competitivas de projetos produtivos. Diante da perspectiva de queda no espaço para investimentos no orçamento da União, será obrigatório se engajar para garantir recursos para obras de infraestrutura de grande porte, como a duplicação de rodovias federais. Também é forçoso o máximo empenho na busca por uma solução para o alto endividamento de produtores após vários anos de seca, sob pena de o RS enfrentar uma crise social de grandes proporções no campo.
Historicamente se observa que bancadas do Norte e Nordeste, mais articuladas entre si, conseguem essa coordenação no momento de brigar pelas causas regionais e obtêm melhores resultados no jogo político em Brasília. No caso do Rio Grande do Sul, nota-se uma divisão exacerbada que leva à perda de influência do Estado, com pouca ocupação de espaços de poder. As ações dos parlamentares têm de estar menos sujeitas ao ruído das redes sociais e mais sintonizadas com as questões da vida real e atreladas a estratégias de desenvolvimento do RS. Pode ser robustecida, nesse sentido, uma aliança com as demais bancadas do Sul, para unir forças. A sociedade gaúcha espera de seus representantes a compreensão do momento histórico.