Veterano fala do tempo do homem. De memórias e de esquecimentos, de viços e de vigores que se esmaecem. Constata um ocaso e preserva lembranças de sol a pino. É o giro da vida: seremos, somos e de repente já deixamos de ser. Ainda assim, seguimos a construir nossas eternas casas de areia sobre alicerces de vento. E assim permanecemos, posto que estamos sempre indo embora.
O poeta nos deixou em março de 2008, mas sua voz permanece cantando em cada fundão de campo onde um rude peão cantarola sobre o lombo do pingo numa manhã de primavera: "se lembro o tempo de quebra, a vida volta pra trás, sou bagual que não e entrega assim no más..."
O poeta, que por meio de tantas vozes cantou, continua cantando, pois conseguiu transformar-se todo ele em sua própria e infinita canção. Anda o Tocaio fundido ao coração da gente. Segue o Tocaio a inventar cacimbas para nos matar a sede. Olha lá na eternidade o Antônio Augusto, o Tocaio Ferreira, um menino de alma leve voando sobre os pelegos deixando na polvadeira o cantochão da saudade.