Vemos espaço para crescer no Sul, rentabilizar mais a operação. No resto do país, vamos fazer expansão via e-commerce.
Qual é a estratégia da compra?
É fortalecer a rede fisicamente nos três Estados do Sul. Não temos intenção de expandir fisicamente para São Paulo, como se fez no ado. É um mercado totalmente diferente. Vemos espaço para crescer no Sul, rentabilizar mais a operação. No resto do país, vamos fazer expansão via e-commerce. Essa é a estratégia de ser empresa de nível nacional. No nosso e-commerce, a maior participação é do Rio Grande do Sul, mas o segundo lugar é São Paulo, capital. Depois vêm Paraná, Minas, Rio e Espírito Santo. A fatia do Nordeste vem crescendo, já está em 6% sem a gente fazer nada lá. Estamos estudando um centro de distribuição em Recife (PE).
A Colombo procurou a rede ou recebeu a oferta?
Nossa rede de contatos tinha a informação de que queríamos crescer em Santa Catarina, e um amigo soube que a empresa estaria com intenção de vender. Colocou os dois lados para conversar.
Mas dentro do possível e do momento adequado, vamos estudar, sim, outras alternativas.
É uma compra isolada ou haverá outras?
Agora precisamos estruturar bem essa. Mas dentro do possível e do momento adequado, vamos estudar, sim, outras alternativas. Mas temos um trabalho árduo pela frente, para adequar os sistemas, integrar a cultura.
Qual foi o valor da compra, e como foi bancada?
O valor da transação é confidencial, não só por nós, mas para respeitar o outro lado. Estamos usando basicamente recursos próprios. Ao longo dos dois últimos anos, mudou muito a governança corporativa da empresa, e conseguimos crescer, fazer resultado. A Colombo ficou em situação superavitária. Isso deu um pouco mais de confiança para arriscar e investir nesse negócio.
Nesse período, a Colombo também diversificou. Como estão as outras áreas?
Acabei de ser cobrado pelo presidente do conselho (risos) sobre a expansão da Colombo Casa Pet. Temos planos de prospectar 12 cidades, a maioria no Rio Grande do Sul, mas quatro em Santa Catarina. É um negócio que está operando há um ano e indo muito bem. Também vamos fazer a expansão da Colombo Cred, temos mapeadas cinco cidades, todas no RS.
Valorizar as pessoas não é difícil. É só ter respeito mútuo e trabalhar por empatia, fazer com que as pessoas se sintam parte do processo.
Como a empresa sustenta todas essas frentes em um período ainda delicado?
Nossos movimentos de tecnologia ajudaram muito, mas o principal fator é o humano. O poder de engajamento e comprometimento da equipe foi tão grande que às vezes me impressiono e até me comovo. Temos uma equipe espetacular, na diretoria e em todos os níveis. Conseguimos fazer um novo modelo de gestão, mais participativo, que tornou a empresa muito mais veloz. Ficou tão unida nos propósito que adotamos que as coisas aram a acontecer com mais rapidez. Foi algo que venho batalhando muito desde que estou na liderança executiva da empresa. Valorizar as pessoas não é difícil. É só ter respeito mútuo e trabalhar por empatia, fazer com que as pessoas se sintam parte do processo. As pessoas que trabalham aqui estão aqui por que querem, foi o que escolheram. Trabalham muito, procuram dar seu melhor, quando o dia termina é bom que se sintam valorizadas, que percebam que fazem parte das conquistas. Assim, quando surge um problema, todos estão prontos a ajudar a resolver. Ter uma boa equipe, batalhadora, é um dos fatores que nos proporcionou crescer no meio da crise. Claro que também envolve muito trabalho, mas minha equipe sempre diz 'Eduardo, a gente não tem medo de trabalhar'. Isso dá confiança para assumir alguns riscos.
Nesse ritmo, há algum negócio novo?
Há três anos, quando fiquei à frente do dia a dia, a Colombo só tinha uma empresa de eletro e móveis. Hoje temos pet, cred. E temos a Colombo Tech, nossa caçula. Ainda não falamos muito publicamente sobre essa área, que vende soluções em software. Temos uma área de TI robusta, que desenvolveu soluções para dentro da empresa que também servem a outros varejistas. Já temos clientes de esfera nacional, inclusive de outros segmentos. É parte do nosso envolvimento com startups, com o projeto Hélice, para desenvolver tecnologia.
Ainda há problemas a resolver?
Ainda temos dificuldade em lojas de shopping centers. Não conseguimos adequar os custos. E houve queda acentuada de movimento nos shoppings.
Isso quer dizer que a Colombo pode sair totalmente de shoppings?
Seria muito forte dizer que vamos sair 100% de shopping. Mas como precisamos adequar, vamos acabar saindo de alguns. Outro desafio imenso é o aumento de custos, os contratos de aluguel, as tarifas de energia, o preço do diesel, que está absurdo. Os produtos da linha branca (geladeira, máquina de lavar) subiram 30% só neste início de ano. O consumidor não tem bolso para isso. Então, ao mesmo tempo que estamos investindo e expandindo, estamos com os olhos voltados para essa situação. Embora os especialistas entendam que há otimismo, é preciso cautela.