"É exercício diário de dificuldade", diz diretor financeiro da CEEE
"É exercício diário de dificuldade", diz diretor financeiro da CEEE
  • "Não há solução sem aporte de recursos", diz diretor da Aneel sobre CEEE

  • Em julho, a companhia vai descumprir os indicadores exigidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para a renovação condicionada da concessão, definida em 2015. Conforme os termos do acordo, caso a empresa descumpra os critérios por dois anos consecutivos ou três intercalados, perde o direito de vender energia na área em que atende (Capital, Região Metropolitana, Litoral Norte e Metade Sul). No balanço de 2017, graças a uma manobra contábil, a estatal parou o relógio. Com resultados ainda piores no ano ado, começará a sofrer pressão da Aneel.

    A boa notícia é que Soligo conhece o setor elétrico, uma raridade entre os presidentes da CEEE. Atua desde 1995, desde em grandes empresas, como a FL, em regionais, como a RGE, e em focadas, como o Grupo Gomes Lourenço, focado em pequenas centrais hidrelétricas. Na FL, acompanhou de perto a oferta inicial de ações da companhia, em 2004, o que pode ajudar na definição dos rumos da privatização da CEEE. Soligo diz estar preparado para o duplo desafio: convencer a Aneel que a companhia está buscando uma solução – no caso, a venda para um investidor capaz de fazer o aporte de recursos necessário para a empresa – e ajudar na modelagem da desestatização.

    – Tenho muita iração pelo Rio Grande do Sul. O Estado tem um potencial muito grande e não deveria estar na situação em que está. Quando fui convidado, fiquei feliz em receber essa missão para ajudar, que vou encarar com espírito público. A gestão será muito serena, no sentido de fazer a razão prevalecer sobre a emoção. Sei que o objetivo do governo é desestatizar a CEEE. Meu papel é conseguir o melhor negócio possível para todas as partes – detalha Soligo.

    Na época em que atuou na FL, Soligo trabalhou diretamente ligado a Wilson Ferreira Júnior, atual presidente da Eletrobras, estatal federal que tem 32,5% da CEEE. Portanto, é próximo de um tomador de decisões estratégico para o processo de privatização, que conforme sua estimativa ainda pode tardar de um ano e meio a dois. Ainda não há modelo definido para a venda, confirma. Não há decisão tomada se será vendida a holding (CEEEpar), se os dois braços – CEEE Geração e Transmissão (CEEE-GT), a parte "boa", e CEEE Distribuição (CEEE-D), a mais encalacrada – serão oferecidos juntos ou separados – e se o ivo será incluído na oferta ou não. 

    Soligo, que usa muleta porque perdeu uma perna para o câncer, mas manteve a vida, pondera que, quando esteve na RGE, uma de suas principais missões era interagir com a equipe para garantir que tranquilidade nos processos de transformação da empresa:

    – Essa experiência na RGE me deu consciência de que os colaboradores temem que sua vida mude para pior. Precisamos conversar com as pessoas. Não se buscará conflito, e tudo o que puder ser feito para suavizar o processo será feito. Desde a semana ada, estou estudando todos os balanços e os estatutos sociais da empresa.


    GZH faz parte do The Trust Project
    Saiba Mais

    RBS BRAND STUDIO