O pico da enchente de 1941 sempre gerou divergências. No relatório, o engenheiro cita a marca de 4m63cm. O nível consolidado historicamente é 4m76cm no Cais Mauá.
Nas décadas seguintes, em parte, as obras foram executadas. Porto Alegre teve áreas aterradas e a construção de diques e do Muro da Mauá. Em rios da bacia hidrográfica do Guaíba, como Jacuí e Antas, foram construídas barragens para usinas hidrelétricas.
Como o propósito desta coluna é o resgate histórico, não entrarei na análise dos motivos para a inundação devastadora de Porto Alegre e outras cidades gaúchas na enchente de maio de 2024. Como em 1941, é um tema que vai gerar muitos debates. Em GZH, especialistas já opinaram sobre as falhas do sistema de proteção de Porto Alegre.
A chuva no Estado começou em 10 de abril, uma Quinta-Feira Santa. Por 35 dias, o Estado foi castigado pelos temporais. Em Porto Alegre, choveu em 22 dias neste período, acumulando 619,4 milímetros.
Depois do caos no interior, os rios Jacuí, Caí, Sinos e Gravataí encheram o Guaíba. Com 272 mil habitantes, Porto Alegre ficou com suas principais áreas comerciais e industriais embaixo d´água no início de maio, quando o vento Sul represou o Guaíba.
Baseados na experiência de outra grande enchente, de 1928, muitos porto-alegrenses demoraram para se convencer da gravidade. Em 8 de maio de 1941, o nível do Guaíba atingiu a marca de 4,76 metros no Cais Mauá, onde a cota de inundação é de três metros.
As consequências da enchente de 1941 foram sentidas por muito tempo. Em 1967, outra cheia do Guaíba deixaria partes da cidade embaixo d´água. Depois dos traumáticos episódios, Porto Alegre construiu o muro da Avenida Mauá e um sistema de diques.
Na enchente de maio de 2024, a marca de 4m76cm foi superada no início da noite de 3 de maio. No madrugada de 5 de maio, foi registrada a maior marca da história do Guaíba no Cais Mauá: 5m35cm.