O jornalista Carlos Redel colabora com a colunista Juliana Bublitz, titular deste espaço.

Figurando entre as produções mais vistas do catálogo da Netflix desde o seu lançamento, em 30 de abril, a série O Eternauta tem um ajuda gaúcha para alcançar a sua elogiada qualidade técnica. Parte dos efeitos especiais da produção argentina foi feita pelo estúdio Miagui, sediado em Porto Alegre.
O trabalho realizado pelos profissionais da empresa está presente no último episódio da primeira temporada. O momento em questão mostra um trem colidindo com carros, em plena Buenos Aires, capital da Argentina, que está totalmente coberta por neve. É um momento complexo e decisivo para o programa.
O convite para embarcar no projeto se deu logo após os profissionais da Miagui entregaram o projeto de Senna. Eis que o estúdio de efeitos especiais da Netflix, o Scanline VFX, ofereceu a sequência em questão de O Eternauta para os gaúchos — que toparam.
— Eles estavam precisando acelerar a produção e resolver algumas sequências mais complexas de efeitos. E foi a Scanline que fez a supervisão de efeitos de Senna. Para O Eternauta, as sequências que faltavam envolviam cenas completamente em computação gráfica, com explosões, neve, bichos e tudo mais. Entramos no final do projeto, mas com a responsabilidade de fazer uma das sequências mais complexas em termos de efeitos — explica o diretor artístico da Miagui, Cássio Braga.
Segundo o profissional, que lidera o estúdio ao lado de Carlos Kulpa, o trabalho da Miagui totalizou cerca de um minuto e meio, que foi dissolvido em uns quatro minutos da série. Parece pouco, mas é impressionante o resultado. No total, foram cinco meses de trabalho, envolvendo mais de 40 profissionais do estúdio.
— Apesar da série ter elementos fantasiosos, o que fizemos era para ser uma situação real. Optamos por fazer em computação gráfica pela complexidade que era. Tem cenas aéreas gigantescas. Tivemos que reproduzir uma boa parte da cidade de Buenos Aires com bastante precisão, cobrir de neve, trancar uma avenida gigantesca com milhares de carros empilhados. Então, um trem a e explode tudo. É uma parada que seria impossível fazer na vida real — detalha Braga.
E, além da complexidade, ainda é preciso deixar tudo verossímil, orgânico, para que o espectador não se desconecte da história em um momento tão importante da trama, no episódio final da temporada. O resultado foi para lá de satisfatório, entregando uma sequência grandiosa, tal qual a série exigia — a qual não vamos mostrar aqui por conter spoilers.
— Tanto em O Eternauta quanto em Senna quanto mais imperceptível o trabalho de efeito for, melhor. Quando a computação gráfica é percebida, ela não é tão boa. O nosso objetivo final é ar despercebido. As cenas que a gente fez tinham que encaixar na sequência que foi filmada de forma real, lá em Buenos Aires. Não podia dar a sensação de que aquilo era uma coisa montada. Esse foi o grande desafio no projeto — explica Braga.
O diretor da Miagui acredita, assim, que se artistas latino-americanos possuem as mesmas oportunidades e condições de trabalho que os de fora, como os que atuam nos Estados Unidos ou na Europa, o resultado é tão bom quanto. E os incríveis resultados de Senna e O Eternauta mostram isso.
A Miagui
É um estúdio especializado na criação de conteúdo multiplataforma para os setores de entretenimento, produto, automotivo e personagens. Tem 15 anos de atuação, com foco em CGI (computação gráfica), ilustração, fotografia, tratamento de imagens e. desde 2024, produção de VFX (efeitos visuais).
O estúdio já desenvolveu projetos para marcas globais (como Honda, Ford, Jeep, Hyundai e Toyota) e presta serviços para clientes como Whirlpool (Brastemp e Consul), Havaianas, Paramount+, Manscaped e Heineken, entre outros.